sexta-feira, 25 de julho de 2008

Algumas considerações sobre Batman - o cavaleiro das trevas


Começo esta crítica dizendo que Gothan City perdeu seu charme desde Batman Eternamente; antes as gangues e máfias mantinham os negócios na surdina e negociavam na calada da noite. Agora tudo está sendo feito à luz do dia e, convenhamos, o dia não merece destaque em Gotham City.
Outra infelicidade é a expressão do xenofobismo estadunidense - presente na maioria dos filmes. Dent diz mais ou menos a seguinte frase após um bandido tentar matá-lo: essa arma é chinesa, se você quiser matar um americano deve usar uma arma americana. Claro, a indústria de armas dos EUA deve ter derramado milhões pelo merchandising.
Batman está um pouco melhor comparado aos três primeiros filmes, mas ainda está aquém do grande morcego dos hq’s. Esse é um problema típico que ocorre também nos demais super-heróis, exceto o Homem-Aranha, nenhum ator conseguiu estudar suficientemente a psicologia da personagem. Nesse quesito aqueles que interpretam anti-heróis estão à frente, como por exemplo: Wolverine e Vingador.
Vale destacar que os dois últimos filmes são os melhores justamente porque não trazem o Batman como o “melhor” frente às gangues. Em outros filmes Batman têm Gotham City sob controle, mesmo com máfias e lunáticos Gotham é o status quo padrão de uma cidade grande: mocinhos e bandidos, bem e mal, enfim, toda essa baboseira dualista.Os dois últimos filmes mostraram bem as distinções entre Batman e os demais heróis. Ele é humano, portanto, sem poder alienígina; não fosse seu dinheiro e sua influência social combinados à sua genialidade cairia fácil nas mãos dos inimigos e Gotham sucumbiria.
Antes que alguns desavisados estranhem o surgimento do vilão Duas-Caras divergindo um pouco do então representado por Tommy Lee Jones em Batman Eternamente, vale dizer que a maioria dos Hq’s não são séries e sim histórias de roteiristas diferentes, por isso, cada um dá sua contribuição imaginativa. Já o filme, esse sim, começa a tomar um rumo de série: apresentou desde o Begins o Espantalho, a gênese de Batman e o prenúncio do Coringa. No Cavaleiro das Trevas o Espantalho aparece novamente, o cavaleiro branco de Gothan torna-se o Duas-Caras e Gordon é designado comissário.
Pois bem, diante dessas considerações uma última deve ser feita: Heather Ledge merece um prêmio post-mortem, pois comprendeu perfeitamente a psicologia da personagem Coringa. Em minha opinão Coringa é maior vilão criado nas Hq’s e, claro, o mais difícil de ser interpretado. Coringa é anarquista e um filósofo da cultura, mas claro os não iniciados nas hq's o chamam pejorativamente de psicopata. Todos os valores de Batman ou de seu alter-ego Bruce Wayne ele menospreza, tais como: dinheiro, civilidade, justiça, nacionalismo etc., tudo isso é colocado em xeque pelo Coringa. Num momento hilário ele queima milhões de dólares em oposição à ânsia estadunidense em ganhar o primeiro milhão. Fantástico!.
Heather Ledger seria perfeito no clássico dos quadrinhos Piada Mortal escrito por Alan Moore, no qual o Coringa deixa Bárbara Gondon (Batgirl) paraplégica, para mim essa é a melhor história de Batman. É uma pena que Heather Ledge esteja morto, dúvido muito que outros atores consigam levar aos filmes o Coringa em todo seu esplendor.

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