NUMA TARDE DESSAS, um calor infernal se apossou da cidade de Curitiba e eu testemunhei tudo dentro de um ônibus.
Logo que entrei vi que um rapaz com cabelo comprido e blusa de roqueiro ofereceu seu lugar a uma senhora que passou reta pelo banco preferencial e foi lá atrás requerer o banco da cansada diarista. Por sorte dessa trabalhadora, nosso roqueiro aquiesceu seu coração e prontificou-se:
- sente aqui minha senhora!
Não ouvi um “muito obrigado”, mas por dentro a gratidão devia ser muito grande. Lá ficou o cabeludo em pé com sua mochila cheia de botons de bandas de rock. Mas, passado alguns minutos alguém se levantou para descer bem em frente do roqueiro e ele sentou novamente. Mas estava perturbado, como se fosse um insulto um roqueiro vadio ficar sentado, enquanto a massa de colarinho azul estava em pé. Cedeu seu lugar a uma mulher cheia de sacolas plásticas. Essa agradeceu baixinho, mas o que ela pretendia dizer era: como pode uma alma tão boa vagar por esse mundo tão injusto!
Mas a senhora de sacolas também precisou descer, alias a maioria já tinha desembarcado. Aqueles que permaneciam no ônibus estavam felizes pois, até que enfim, tinham um lugar para cair morto, um banco de ônibus. O roqueiro estava sentadinho ouvindo em seu IPOD alguma banda escandinava. Na última parada do ônibus (última para o roqueiro), dois ou três pessoas entraram no “bonde”, o qual tinha uns quatro ou cinco lugares vagos. Uma das mocinhas que entrou passou também reta de um banco vago e foi direto ao banco que ele estava sentado e ele mais uma vez mostrando toda a sua educação se levantou e ofereceu o lugar para a moça. Nem deu tempo de agradecer. O ônibus foi tomado por uma aura mística e nosso roqueiro curitibano de repente ficou envolto em lençóis tão alvos quanto à neve e foi subindo arrebatado pelos céus acompanhado por um séquito de lindas borboletas amarelas. Foi a última vez que o Pinhais/Campo Comprido viu essa boa alma espremida no meio de nós.
Curitiba - Sol quente.
Logo que entrei vi que um rapaz com cabelo comprido e blusa de roqueiro ofereceu seu lugar a uma senhora que passou reta pelo banco preferencial e foi lá atrás requerer o banco da cansada diarista. Por sorte dessa trabalhadora, nosso roqueiro aquiesceu seu coração e prontificou-se:
- sente aqui minha senhora!
Não ouvi um “muito obrigado”, mas por dentro a gratidão devia ser muito grande. Lá ficou o cabeludo em pé com sua mochila cheia de botons de bandas de rock. Mas, passado alguns minutos alguém se levantou para descer bem em frente do roqueiro e ele sentou novamente. Mas estava perturbado, como se fosse um insulto um roqueiro vadio ficar sentado, enquanto a massa de colarinho azul estava em pé. Cedeu seu lugar a uma mulher cheia de sacolas plásticas. Essa agradeceu baixinho, mas o que ela pretendia dizer era: como pode uma alma tão boa vagar por esse mundo tão injusto!
Mas a senhora de sacolas também precisou descer, alias a maioria já tinha desembarcado. Aqueles que permaneciam no ônibus estavam felizes pois, até que enfim, tinham um lugar para cair morto, um banco de ônibus. O roqueiro estava sentadinho ouvindo em seu IPOD alguma banda escandinava. Na última parada do ônibus (última para o roqueiro), dois ou três pessoas entraram no “bonde”, o qual tinha uns quatro ou cinco lugares vagos. Uma das mocinhas que entrou passou também reta de um banco vago e foi direto ao banco que ele estava sentado e ele mais uma vez mostrando toda a sua educação se levantou e ofereceu o lugar para a moça. Nem deu tempo de agradecer. O ônibus foi tomado por uma aura mística e nosso roqueiro curitibano de repente ficou envolto em lençóis tão alvos quanto à neve e foi subindo arrebatado pelos céus acompanhado por um séquito de lindas borboletas amarelas. Foi a última vez que o Pinhais/Campo Comprido viu essa boa alma espremida no meio de nós.
Curitiba - Sol quente.
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