Li esse artigo um dia desses e achei interessante a abordagem feita pelas alunas Ângela Souza e Patrícia Sodré do curso de pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUCRIO. Essas alunas são bolsistas de iniciação científica e vinculadas ao Grupo de Estudos sobre Cotidiano, Educação e Culturas (GECEC). Neste trabalho contaram com a supervisão da professora Daniela Valentim, doutoranda em educação, também, pela PUCRIO.
Minhas impressões sobre a temática:
Esse capítulo produzido pelas alunas citadas acima foi extraído da obra Didática Crítica Intercultural: aproximações e discute as relações entre ensino, literatura infanto-juvenil, e o lugar do negro na literatura. Segundo as autoras do referido artigo por muitos anos os personagens negros não tiveram papéis protagonistas nas histórias e, muito pior, os personagens negros eram, geralmente, tratados na história como sujos, feios ou burros. Um exemplo disso é a própria história em quadrinhos da Turma da Mônica cujo personagem negro da história, o Cascão, é conhecido do público por sua ojeriza ao banho. Na história, constantemente, o personagem aparece remexendo latas de lixo buscando alguma coisa junto de seu bicho de estimação, o porco Chovinista. Contudo, a partir da sanção da lei 10.6390/03 que obriga as instituições de ensino fundamental a trabalhar História e Cultura Afro-Brasileira, nota-se uma literatura mais envolvente que coloca o negro como protagonista exaltando a beleza negra, ou dando voz a alguns personagens negros que ascenderam socialmente.
Nesse sentido, entendemos o quanto ainda esses literatos terão que trabalhar para suplantar o racismo brasileiro que é mais tênue que aquele praticado, por exemplo, nos Estados Unidos (FERNANDEZ, 1989). Embora as autoras constatem um avanço nessa literatura em relação àquela produzida anteriormente, a qual tinha um tom moralizante: “é preciso respeitar os negros” etc., ainda se verifica pelos exemplos citados pelas autoras que o destaque dos personagens negros na história se faz por meio da ideia de que são negros instruídos que ascenderam socialmente, ou ainda, são princesas ou rainhas que herdaram tronos, tal qual a literatura ocidental trata os principados da Europa. A diferença se dá apenas na cor dos personagens, mas a elaboração de um novo paradigma civilizatório, onde a pessoa seja reconhecida pelo que é e não pelo que tem, fica distante, pois, na tentativa de incluir um grupo social excluímos parte desse grupo social.
Considero que é preciso se fazer uma discussão complexa sobre o lugar do negro em nossa literatura, ainda mais depois da recente controvérsia em torno das obras de Monteiro Lobato. Em todo caso isso se mostrará uma tarefa bastante árdua em que qualquer esforço nesse sentido contribuirá, paulatinamente, para uma posterior revolução em nossa literatura brasileira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, Florestan. Significado do protesto negro. São Paulo: Cortez: autores associados, 1989.
SOUZA, Ângela; SODRÉ, Patrícia. Literatura infanto-juvenil e relações étnico-raciais no ensino fundamental. IN: CANDAU, Vera Maria. (org) Didática crítica intercultural: aproximações. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.
Minhas impressões sobre a temática:
Esse capítulo produzido pelas alunas citadas acima foi extraído da obra Didática Crítica Intercultural: aproximações e discute as relações entre ensino, literatura infanto-juvenil, e o lugar do negro na literatura. Segundo as autoras do referido artigo por muitos anos os personagens negros não tiveram papéis protagonistas nas histórias e, muito pior, os personagens negros eram, geralmente, tratados na história como sujos, feios ou burros. Um exemplo disso é a própria história em quadrinhos da Turma da Mônica cujo personagem negro da história, o Cascão, é conhecido do público por sua ojeriza ao banho. Na história, constantemente, o personagem aparece remexendo latas de lixo buscando alguma coisa junto de seu bicho de estimação, o porco Chovinista. Contudo, a partir da sanção da lei 10.6390/03 que obriga as instituições de ensino fundamental a trabalhar História e Cultura Afro-Brasileira, nota-se uma literatura mais envolvente que coloca o negro como protagonista exaltando a beleza negra, ou dando voz a alguns personagens negros que ascenderam socialmente.
Nesse sentido, entendemos o quanto ainda esses literatos terão que trabalhar para suplantar o racismo brasileiro que é mais tênue que aquele praticado, por exemplo, nos Estados Unidos (FERNANDEZ, 1989). Embora as autoras constatem um avanço nessa literatura em relação àquela produzida anteriormente, a qual tinha um tom moralizante: “é preciso respeitar os negros” etc., ainda se verifica pelos exemplos citados pelas autoras que o destaque dos personagens negros na história se faz por meio da ideia de que são negros instruídos que ascenderam socialmente, ou ainda, são princesas ou rainhas que herdaram tronos, tal qual a literatura ocidental trata os principados da Europa. A diferença se dá apenas na cor dos personagens, mas a elaboração de um novo paradigma civilizatório, onde a pessoa seja reconhecida pelo que é e não pelo que tem, fica distante, pois, na tentativa de incluir um grupo social excluímos parte desse grupo social.
Considero que é preciso se fazer uma discussão complexa sobre o lugar do negro em nossa literatura, ainda mais depois da recente controvérsia em torno das obras de Monteiro Lobato. Em todo caso isso se mostrará uma tarefa bastante árdua em que qualquer esforço nesse sentido contribuirá, paulatinamente, para uma posterior revolução em nossa literatura brasileira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, Florestan. Significado do protesto negro. São Paulo: Cortez: autores associados, 1989.
SOUZA, Ângela; SODRÉ, Patrícia. Literatura infanto-juvenil e relações étnico-raciais no ensino fundamental. IN: CANDAU, Vera Maria. (org) Didática crítica intercultural: aproximações. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.
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