sexta-feira, 7 de março de 2008

Medicina para os ricos

Em matéria do jornal Gazeta do povo do dia 20 de Fevereiro de 2008, a Associação Médica do Paraná (AMP) entrou na justiça a fim de impedir a criação de novos cursos de medicina no Estado. A decisão foi tomada após o Ministério da Educação (MEC) autorizar a criação de um curso de medicina na Faculdade Assis Gurgacz (FAG) em Cascavel. A AMP alega que não faltam médicos no Paraná, mas sim, existe uma má distribuição deles. Segundo eles, dos 16.260 médicos do Estado, 7.640 se concentram em Curitiba. Os médicos alegam dificuldades de trabalho nas pequenas cidades, contudo, o problema não é somente esse. Segundo o secretario geral da Associação de Municípios do Paraná, Gabriel Samaha, os cursos de medicina não estão formando profissionais para atenderem no sistema público, disse ele: “vivemos o modelo de uma pequena elite, em que os médicos preferem estar nos grandes centros”.

Trabalhei em 2005 no Programa da Saúde da Família (PSF) em uma cidadezinha da Região Metropolitana de Curitiba gerenciando o sistema de armazenamento de dados sobre as famílias cadastradas no programa e, embora os salários oferecidos para os médicos do PSF fossem altos eram poucos os interessados. A maioria dos formados estão preparados psicologicamente e financeiramente para atender a uma clientela mais elitizada. Não querem ouvir gente reclamando da Urça (úlcera) ou, ouvir um matuto dizer que está com a “doença braba” (câncer).

No Brasil o curso de medicina é um caminho para poucos.
Sugestão de leitura: Microfísica do Poder, de Michel Foucault.


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